Habitualmente, com a chegada da primavera anuncia-se o renascimento da natureza. Este é o momento do despertar das plantas e frutos, alimentos que acrescentam cor ao prato e uma nova riqueza nutricional!
Porém, enquanto consumidores, habituámo-nos ao “privilégio” de ter a maioria dos produtos hortofrutícolas disponíveis ao longo do ano, mas esta comodidade tem consequências negativas. A forma como os alimentos são atualmente produzidos, processados, distribuídos e consumidos tem implicações evidentes na sustentabilidade do planeta, em particular no ambiente, economia e saúde.
Sabemos hoje, que a produção alimentar influencia as alterações climáticas. O impacto ambiental dos alimentos difere consoante as práticas de produção primária, nível de processamento, necessidade de transporte, entre outros fatores. Igualmente, crescem as evidências do empobrecimento dos solos, nomeadamente em minerais essenciais para a produção agrícola, como é o caso do magnésio, o principal mineral constituinte da clorofila, responsável pelo desenvolvimento de raízes e folhas, bem como, do armazenamento de energia e nutrientes nas plantas. Deste modo, optar por sistemas de produção alimentar sustentáveis, associados a cadeias de distribuição curtas são algumas das mudanças necessárias para tornar o sistema de abastecimento alimentar mais sustentável.
Os alimentos sazonais estão disponíveis localmente, encontram-se no ponto de maturação certo para consumo imediato, uma vez que são produzidos na sua época própria. Por oposição, os alimentos fora de época são provenientes de outras partes do mundo, normalmente, produzidos em estufas e sofrem colheita precoce que provoca alterações no processo de amadurecimento. Estas diferenças influenciam as características dos produtos, e vários estudos demonstram um maior conteúdo mineral e vitamínico em alimentos sazonais, comparativamente, aos produzidos fora de época. Esta riqueza nutricional é essencial para o normal funcionamento do sistema imunitário e contribui para uma população mais saudável, resistente a doenças. Outros benefícios estão associados ao consumo de alimentos da época, nomeadamente, o maior estado de frescura, bem como melhores características sensoriais, ou seja, mais cor, aroma e sabor.
Assim, se compreende a importância da relação entre a nutrição, sazonalidade e mudanças climáticas. Enquanto consumidores, podemos influenciar positivamente esta relação, através das nossas escolhas alimentares, respeitando a sazonalidade dos produtos.
Agora é tempo de aproveitar os espargos, os brócolos, os espinafres, as couves e as cenouras. Também as frutas mais sumarentas e coloridas começam a ter presença na fruteira, o kiwi, os morangos as cerejas, os mirtilos e outros frutos vermelhos. Isto, porque, a natureza é sábia! Então, sejamos igualmente sábios e aproveitemos a riqueza nutricional que os alimentos de cada estação do ano nos oferecem!
Teresa Rogado Guerreiro
Nutricionista, 1355N
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